Debruçada sobre a
mesa.
Olho pela janela.
Vejo o jarro com
tulipas.
Da janela tenho notícias
do mundo.
Ou leio mensagens no
mural.
Um casal rodopiando
lentamente.
No tic-tac dos
segundos.
É o tempo em conta
gotas.
Janelas abrindo e fechando.
Tenho o tédio como
amigo.
Navego em terra firme.
Perambulo de sala em
sala.
Futilidades, ouvindo.
Noite chega agitando meu
pensamento.
Nada faz o olho
brilhar.
Quem entra num
rompante.
E a mim vai chamar.
Cara a cara vou te
enfrentar.
De arma em punho.
Mais, Ternurinha, não
sou.
Desconheço quem é.
Vê que guerreira que
sou.
Mas, adversário não
queria ser.
De cima do nome apeou o
cavalheiro.
Com rosa nas mãos.
Poeticamente rompeste a
couraça.
Despojou-me de
receios.
Fez-me bela deusa.
E como orquídea rara.
Ternurinha fez nascer.
Espiando na janela.
Conheço teu humor.
Vejo teu dia.
Aprecio teu jardim.
Chego-me a ti.
Vivendo personagens
gregos.
Assistindo a filmes de
animação.
Viajando pelo espaço
sideral.
Ou jogando futebol.
Conquistaste campo
fértil.
Assim fez meus dias.
Nada monótonos.
Como presentes
surpresa.
Embrulhados em ouro.
Arrematados com fita prateada.
Brota de mim.
Sorrisos encabulados.
Gargalhadas
espontâneas.
Lágrimas emocionadas.
É a adolescência
revivendo.
O tempo não conta mais.
Mas um dia atrás do
outro.
Somando chegamos a
trinta.
Sensação estranha.
Diz que esquecemos
alguns anos pra trás.